sábado, 1 de janeiro de 2011

Encerramento

Tânia nos convidou para comemorar o final do semestre com ela e o namorado. Nós aceitamos, mesmo porque, o Reynaldo se forma neste semestre. Provavelmente, no próximo ano, vamos nos encontrar bem menos, ele vai ter uma casa para cuidar, um novo emprego e preocupações em dobro.


A programação foi muito além das minhas expectativas, nossos amigos queriam conhecer a danceteria no centro da cidade. Para minha felicidade todos estavam dispostos a dançar. Arthur começou dando uns passinhos tímidos, contudo conseguia encantar-me com seus olhos luminosos e acolhedores. Como se eu fosse a melhor pessoa para fixar o seu olhar, sempre!


Meu namorado me surpreendeu e acompanhou os meus passos como se estivesse dentro da minha mente, não apenas dançava bem, como se encaixava no meu ritmo com perfeição. Havia uma sintonia absoluta entre nossos corpos. Nesta noite compreendi o significado da frase: “A dança é a linguagem oculta da alma”.


O entendimento de sua totalidade ocorreu ao mover meu corpo com os olhos conectados aos do meu amor. Eu penetrava em seu âmago e percebia o quanto estávamos interligados, integrados. Através da dança, nossas essências revelavam a beleza inerente ao nosso interior amplificando a sensação de união e completude.


Havia uma magia no ar, intangível e irreal. Eu mal podia acreditar nas sensações daquele momento, intensas profundas e verdadeiras. Uma percepção de estar participando de algo grandioso e muito além do que costumamos chamar de realidade. Olhava para ele tentando não perder esta percepção e registrá-la para eternidade, para nunca mais esquecer a liberdade e realização encontrada naquele instante.


Não sei qual de nós se aproximou primeiro, se fui eu a me atirar em seus braços ou o Art a me puxar para eles. No entanto a sensação de voltar para casa me perseguia. Um sentimento profundo, ao ser acolhida por seu corpo, me preencheu de paz e leveza. Se eu estivesse flutuando, não estranharia.


Nós nos abraçamos tentando compreender este momento mágico e sublime. A música, as pessoas a nossa volta e as luzes eram complementos de nossa conexão. Tudo influenciava e conspirava, uma teia intricada de elementos a nossa volta eram fundamentais para tornar esta experiência única e o nosso abraço irreal. Não lembramos de lugar onde estávamos, ao mesmo tempo tínhamos completa consciência de tudo e todos a nossa volta.


Era impossível nos afastar, quanto mais desligar nossos olhares, uma atração poderosa nos unia. Quando nos beijamos, apesar da música tocando alta, de toda gente ao nosso redor... Só escutávamos a nossa melodia executada pelo meu violino. Percebíamos apenas o sabor de nossos lábios, o calor de nossos corpos e a batida descompassada em nossos corações.


Foram momentos muito intensos e vívidos. Nossos amigos nos interromperam, nos chamando para tomar algo no bar, então notamos o quanto estávamos à margem, precisávamos tomar fôlego novamente e respirar. Sentada no bar, voltei a triste realidade. Embora ao meu lado, agora não estávamos mais em plena comunhão de almas. Desejava recuperar aquele momento perfeito.


Olhei para ele tentando memorizar todas as emoções anteriores e buscar o reencontro de nossas almas. Pude apreciar novamente a beleza de seu olhar luminoso, terno e cândido. Arthur sorria com todo o corpo, tudo nele era um grande sorriso aberto para mim, expondo sua alma e grandeza interior.


Eu tentava sorrir da mesma forma, mas não era algo para se tentar. Esta abertura, apenas o meu anjo consegue demonstrar, talvez por ele estar mais integrado a sua essência. Eu ainda não aprendi a sorrir como o meu namorado, ainda tenho muitas portas a abrir e questões por terminar. Percebi isto olhando dentro dele e o Art sabia. Era isto o que tentou dizer-me nos últimos meses e eu mal compreendi, até então.


Enquanto pensava em seu sorriso, ele pegou a minha mão e entrelaçou nossos dedos, sentia sua energia emanando para o meu corpo através daquele simples contato. Observei o quanto era maravilhoso me sentir apreciada e amada a cada instante. Arthur não me dava espaço para duvidar do quanto me amava. Eu podia perceber o seu amor por mim, em sua transpiração, no seu olhar, no seu corpo!


Não deveria ter desviado meu olhar do seu rosto nem por um instante, pois quando olhei para o outro lado do balcão tive uma visão nada agradável e inesperada. Eu tentei controlar-me, mas não conseguia deixar de me sentir irritada com sua presença. A magia se quebrou e minhas portas se trancaram. Eu estava na defensiva novamente.


Bem a minha frente estava a Francisca agarrando o Evandro. Minha irritação não era pelo beijo em si, era pela sensação de ter sido traída por uma amiga na qual confiava e certificar-me pessoalmente da sua perfídia. Aquela demonstração foi aparentemente proposital, ela me viu quando subiu as escadas.


Quando o ex-namorado a afastou, eu tive minha confirmação, ela me encarou desafiadora. Eu realmente fiquei magoada e irada com sua desfaçatez, parecia outra pessoa, muito diferente da amiga com quem compartilhei minha vida, emoções e sentimentos. Francisca o beijou para me provocar.


O Art percebeu a minha irritação: “O que foi, anjo? Você parecia tão feliz! De repente seu humor mudou completamente. O que a irritou?” Eu continuei fitando a ex-amiga com indignação, a raiva não passava, e comentei com ele sobre ter visto uma pessoa indesejável do outro lado do bar.


Mal terminei de falar e percebi meu erro, deveria ter nomeado a pessoa. Meu namorado nem a viu, seu olhar foi direto para o Evandro. O pior, o sujeito me fitava com um sorriso nos lábios. Claramente contente por ter despertado nossa atenção.


O traiçoeiro casal se movimentou e caminhou em nossa direção. Por um momento pensei que viriam nos cumprimentar. Contudo fiquei mais aliviada ao notar a Francisca entrando no banheiro feminino. Era óbvio o seu desprezo por nossa amizade, não havia motivos para qualquer tipo de aproximação, mesmo assim me senti incomodada por não compreender sua mudança de atitude em poucos meses.


Quando ela fechou a porta, Evandro, levado por uma tendência masoquista, ou talvez instigado a incitar o meu anjo a alguma reação, acenou próximo a nós. Conseguiu realmente o seu intento, embora evitando qualquer manifestação, Art estava atento a sua aproximação. Resolvi criar coragem e demonstrar toda a minha revolta, ciente da importância de afastá-lo da minha vida. Eu precisava colocar um ponto final naquela história.


Não me levantei, cruzei os braços na defensiva, olhei para seu tronco com relutância, no entanto não me esquivei. Ia resolver tudo de uma vez para provar a mim mesma o quanto eu era capaz e forte, enfrentando mais este fantasma do meu passado. Levantei e pedi-lhe para ser direto, não estava disposta a largar meus amigos e namorado para jogar conversa fora com ele.


Evandro foi direto ao ponto: “Minha flor, eu vacilei, sim... Devia ter ido atrás de ti naquele mesmo dia e explicado tudo. Eu estava magoado com o teu distanciamento e quando a Carmem sentou ao meu lado para me seduzir, eu não resisti, fui fraco, um imbecil. Preciso que tu me perdoes!”


Eu o cortei rapidamente e retruquei dizendo não me interessar em obter nenhuma explicação sobre a traição dele. Apesar de ter acontecido há pouco mais de dois meses atrás, parecia ter sido há muitos anos, nem pensava mais naquilo. Por fim comentei saber sobre as outras com quem havia ficado durante o nosso relacionamento.


Ele ficou revoltado: “Mas não fiquei com ninguém além da Carmem enquanto estávamos juntos! Eu convivia diariamente com minhas antigas... hã... amigas, elas viviam me procurando no alojamento. Eram um tanto insistentes, mas eu dizia estar namorando sério e as rejeitava! Fui fiel durante todo o nosso namoro. No final fraquejei por causa do seu distanciamento...”


Fiquei chateada, não queria ouvir aquilo. A sua motivação para me trair havia sido a minha hesitação, eu já imaginava e cheguei a me culpar por isto. O que me machucava era perceber ter sido traída, não só por ele, mas pela Francisca. Ela teria mentido sobre as outras? Não sabia mais em quem acreditar, as histórias truncadas e as mentiras me deixavam confusa e magoada. Vendo meu nervosismo, Art se levantou disposto a me defender. A última coisa que eu desejava era ver os dois brigando em público por minha causa. O assunto era meu e eu deveria resolver.


Encarei o Evandro, expliquei não me importar mais se ele falava a verdade ou não. Quando começamos a namorar eu realmente acreditava ter encontrado o meu verdadeiro amor. Entreguei-me, em dúvida, embora me sentisse completamente atraída por ele, algo dentro de mim não estava plenamente de acordo. E hoje, sabia o verdadeiro motivo, eu nunca o amei. O amor é incondicional e não hesita, nem duvida, simplesmente é!


Ele parecia não acreditar nas minhas palavras. Falou o quanto me amava e estava disposto a esperar por mim. Podia entender o quanto era difícil resistir à atração pelo nerd, depois da sua traição. Comentou algo sobre o seu amor durar até eu me cansar do Arthur.


Olhei para ele um tanto constrangida e chocada. Não sei se seu comentário era real e verdadeiro. Entretanto, tenho certeza dos meus sentimentos: Eu amo o Art incondicionalmente. Pontuei esta verdade para o Evandro, não haveria qualquer reconciliação entre nós dois!


O ex-namorado demonstrou estar arrasado e decepcionado. Finalmente reconheci a verdade, eu não sentia nenhuma raiva dele. Pode ter omitido alguns fatos e me traído por conta do meu afastamento gradual, no entanto passou, eu estava segura dos meus sentimentos. Havia encontrado a felicidade nos braços do meu anjo.


Providencialmente, Francisca saiu do toalete e veio em nossa direção. Não falou com qualquer um de nós. A exceção foi o Evandro, para quem direcionou o olhar e disse: “Estou louca para dançar, mô, vamos?” Ele a seguiu sem titubear e os dois se encaminharam para a escada.


Quando o casal se afastou completamente, Arthur comentou ainda surpreso: “Não sente mais nenhuma raiva dele? Você realmente o esqueceu? Eu mal posso acreditar que meu pior pesadelo acabou!”


Eu não imaginava o quanto o Art se sentia inseguro com relação ao meu primeiro namoro. Discorri sobre o sentimento de piedade, ao notar a tristeza no semblante do Evandro, ser a única emoção restante em relação a ele. Quanto a Francisca, ainda não conseguia perdoar sua falsidade, nem acredito ser esta uma necessidade dela. Porém, para manter minha serenidade sei o quanto é poderoso o perdão.


Ele se aproximou acariciando o meu rosto, sem uma palavra, seu olhar dizia tudo: eu não precisava cobrar-me ou forçar-me a nada, tudo tem seu tempo certo. A intensidade do calor em seus olhos, repletos de ternura e sabedoria me envolveu. A magia de nossas primeiras horas naquele lugar voltou com a mesma força e me derreti com seu carinho.


A percepção do meu anjo diante das minhas palavras para o Evandro tomou conta do seu ser. Ele sabe, eu sou completa e irremediavelmente dele. Não havia nenhuma hesitação de minha parte, só uma total entrega e abertura. Naquele instante isto ficou muito claro para o meu namorado e percebi o quanto era difícil para ele aceitar esta verdade. Eu sempre o achei muito seguro, todavia observei o quanto eu estive enganada. Arthur me fez sentir segura, era a minha vez de retribuir e o abracei.


Disse mais uma vez, para ele nunca esquecer: “Eu amo você, sem dúvidas, sem medos, sem desconfianças. Você está em meus pensamentos todo o tempo, meus melhores sentimentos são por você, meu corpo se arrepia com seu toque, ansiando por mais. Sou completamente tua.” Art repousou sua cabeça em meu ombro e uma lágrima quente escorreu pelo meu pescoço. Ele não questionaria mais a profundidade dos meus sentimentos.


Ao descermos, vimos o Evandro dançando com a Francisca. A presença dos dois, não me causava mais nenhum sentimento de dor ou raiva. Eu desejava apenas aproveitar o restante da noite ao lado do meu anjo.


Nós voltamos para a pista e tentamos dançar ao som da insistente batida da música eletrônica, porém mal conseguíamos nos desgrudar. A magia rompida durante o episódio do bar estava presente desde que os nossos olhares se cruzaram novamente.


Na verdade, não nos importávamos mais com o ritmo a soar no ambiente, apenas com a sintonia perfeita entre nós. Arthur me abraçou com amor e ternura. Mesmo sem poder ver seu rosto eu sabia do seu sorriso lindo estar marcado em suas feições, enquanto dançávamos colados a nossa própria música.


Voltamos para casa mudos, com o braço do Art a envolver meu ombro, sorrindo e nos deliciando com a certeza de estarmos ainda mais conectados no silêncio. Nossas almas estavam ligadas e nossos corações pulsavam como um único. Atrás de nós eu tinha uma vaga noção dos nossos amigos discutirem algo, sobre o quanto gostaram do lugar.


No alojamento, o casal notou nossa necessidade de ficarmos a sós, provavelmente sentiam-se como nós. Rapidamente eles se despediram e subiram para o quarto da Tânia.


Quando saíram do nosso ângulo de visão, Arthur me puxou pela mão, ainda preocupado com o encontro desta noite. Como se da minha resposta dependesse uma decisão muito importante, perguntou: “Você está mesmo bem? Nem uma ponta de raiva ou de ciúmes?”


Conformada por não ter sanado toda a sua insegurança, respondi: Um tanto da raiva pela Francisca, ainda não passou... Mas acho que ela vai acabar pagando com o próprio veneno, o Evandro não gosta dela. Não sinto ciúmes deles, agora meu único interesse é o meu amor por você!


Acredito ter minimizado suas dúvidas, pois meu anjo me conduziu até a porta do quarto apressado e me abraçou. Busquei dentro de seus olhos e notei uma felicidade vibrante, não havia encontrado ela antes. Meu namorado estava tomado por uma alegria contagiante e com um ar de conquista.


Art praticamente deitou sobre o meu corpo, ameaçando um beijo e me fazendo desejar muito mais! Ficamos ali por minutos eternos, eu só notei o passar do tempo por causa do ritmo dos nossos corações acelerados, num compasso único e do som cadenciado de nossas respirações.


Por fim ele me beijou, de uma forma muito diferente do normal, com desejo, paixão, determinação e força. Entretanto, a ternura e delicadeza de seus lábios tornavam aquele beijo praticamente irreal. Uma audácia e impetuosidade emanavam do seu corpo, instigando o meu a corresponder automaticamente. Aquele toque representava a sua libertação, Arthur se sentia plenamente correspondido, a certeza de ser amado vibrava por todo o seu ser.


Quando me soltou eu percebi um Art diferente, algo intenso fluía pelos seus olhos, um desejo represado, escondido e só então libertado. Fiquei sem fôlego quando cruzei com a intensidade do brilho em seu olhar. Precisei sorver o ar e respirar fundo.


Entramos em meu quarto apressados e em pouco tempo estávamos nos beijando novamente. Meu namorado estava mais solto e nossa música tocava em um tom mais alto e ritmado. Ressonava como se dois violinos tocassem os acordes em tempos ligeiramente diferentes, dando uma nova versão, ainda mais bela, a nossa sonata.


Só notei o quanto ele estava afoito quando minha blusa foi jogada de lado. Então senti o seu peito desnudo e quente me aconchegando. Pela primeira vez, ele tomou a iniciativa de tirar nossas roupas, me preenchendo de esperança e júbilo.


Tinha realmente um clima de sedução nos envolvendo, enquanto meu amor me beijava, eu ainda podia ouvir a nossa melodia um tanto distante. Havia um pensamento em minha mente, me deixava excitada, agitada e ansiosa: Arthur finalmente estava seguro dos meus sentimentos, estava agindo com confiança e ousadia, um indicativo de almejar realizar a nossa primeira noite de amor.


Nem bem acabei de formular minha hipótese, o beijo terminou. E como se ele pudesse ler os meus pensamentos, sua mão correu por minhas costas para abrir o meu sutiã, me fitou com seu jeito doce e sereno, havia uma pergunta naquele olhar.


Para não deixar dúvidas, o ajudei a se livrar da peça e deslizei minha mão por suas costas. Seu riso foi aberto e sonoro, sua alegria pela minha resposta positiva era palpável. Eu estava irremediavelmente viciada no som da sua voz, do seu riso. Queria vê-lo feliz sempre, só para ouvir o som puro, forte e inocente de sua risada!


No entanto, sua ousadia estava indo muito além dos limites antes impostos por ele. Seus beijos eram mais impetuosos, seus lábios roçavam não só o meu pescoço, mas toda a pele a mostra. Suas carícias, um tanto ingênuas e suaves, me faziam tremer, mal conseguia sustentar meu próprio peso.


Percebendo o quanto eu precisava do amparo dos seus braços, Art me colocou sobre a cama, sem me largar nem por um instante. Como se não quisesse romper a magia do contato dos nossos corpos, o calor e a eletricidade a nos percorrer. A vibração perfeita entre nós. Não conseguia desviar meu olhar do dele, e não notei quando o meu namorado retirou o restante de minhas roupas. Apenas senti o contato do algodão macio sob o meu corpo desnudo.


Meu anjo estava determinado a me fazer vibrar como as cordas do meu violino. Arthur me encantava com a suavidade e morosidade de seus gestos, nada ensaiados, muitas vezes trêmulos exatamente como seus lábios colados aos meus. Como se ele estivesse muito emocionado por realizar seu desejo de me ter completamente em seus braços, sem dúvidas ou inseguranças!


Enquanto me beijava, observei algo ainda mais encantador: Art estava se contendo para não apressar nosso momento. Nós vibrávamos por todo o nosso ser a música celestial, única e representante do nosso amor. Nossos corações batiam no mesmo ritmo, e ao sentir seu corpo pressionando o meu, notei o quanto eu desejava ir mais fundo e realizar nossos anseios.


Para isto, era necessário desnudá-lo. De início ele resistiu, querendo prolongar ou postergar o inevitável, pois nossos corpos, mentes e almas estavam prontos. Quando consegui ficar sobre ele, a calça havia caído no chão, só faltava retirar a última barreira entre nós: seus óculos! Meu anjo ria divertido com a minha intenção e aquele som alegrava todo o meu ser. Um vício, com um efeito eletrizante e eu queria muito mais. Ouvir o som do seu riso eternamente, ou eternizá-lo em todo o meu ser.


Arthur depositou os óculos debaixo da cama, pedindo para eu não deixá-lo esquecer. Eu ri e brinquei que desejava fazê-lo esquecer de tudo, menos de mim! Estava determinada a ser dele por completo.

E quando finalmente nos entregamos, o meu amor falou entre várias risadas: “Anjo, você sente isto também? Como se fossemos parte um do outro, como se agora tivéssemos retornado ao ponto de origem? Não existe mais ‘eu’ neste instante e sim ‘nós’?! Um único ser, uma única batida, em dois corpos encaixados com perfeição. Unidos ao Universo por nossa música celestial interpretada pelo nosso amor incondicional.”


Eu fiquei emocionada com suas palavras, pois representavam exatamente os meus sentimentos em relação àquele momento. Um encontro tão pleno suplantando a perfeição do encaixe dos nossos corpos, o desejo do ato em si, era um sublime encontro de almas, onde descobrimos ser um só ser, em dois corpos. E respondi: os meus sentimentos são os seus, nossas almas se completam e nos tornam um ser único e perfeito, como o nosso amor.


Depois de beijá-lo avidamente, eu percebi o quanto fazer amor com o Art superava e muito todos os meus sonhos e até a minha imaginação. Não havia nenhuma técnica ali, apenas o amor e a natureza controlando nossos corpos. Na verdade, gostaria de prolongar aquele instante perfeito por muito mais tempo. Todavia a natureza é exigente...


Deixei-me levar pelo som radioso de sua risada, junto com a maravilhosa novidade daquela união. Não sei se há sentindo em dizer isto, eu sempre imaginei haver uma pessoa especial para mim. Entretanto nunca imaginei encontrar alguém tão especial quanto o meu anjo. Nunca senti tanto prazer, alegria, felicidade, êxtase, em um único instante. Nossa música só amplificava estes sentimentos.


Após encontrar a plenitude em seus braços e saber ter ofertado a ele a mesma sensação, nós nos beijamos apaixonadamente. Foi sua primeira vez e mesmo tendo encontrado a mesma realização que eu, meu namorado estava ávido por continuar a me amar com intensidade, viciado na união perfeita do nosso ser.


Arthur me envolveu mudando nossas posições, mantendo o contato dos nossos lábios e corpos, eu percebi o quanto ele ansiava por mais. Mesmo depois de me sentir tão realizada em seus braços, todo o meu ser ainda o desejava, minha alma necessitava estar mais próxima à sua.


Notando o quanto eu estava pronta, meu anjo ria, numa alegria contagiante. Inebriada com o som de sua risada, eu comecei a rir, parecíamos duas crianças desajeitadas e afobadas. O mais estimulante era sentir no seu riso o reflexo da minha felicidade. Começamos tudo de novo, agora com mais tempo para perceber toda a extensão do significado da nossa sensação de ser “um”. Deliciarmo-nos com nossa sonata interpretada em vários tons e ritmos. Aprofundarmos nossa conexão e sentirmos a grandeza do nosso amor.


Entreguei-me por completo a sua paixão, suas carícias suaves e gentis. Eu me emocionei com o momento sublime e perfeito vivenciado por nós. Não consegui segurar, lágrimas de felicidade escorreram pelo meu rosto e observei, não eram apenas minhas aquelas lágrimas?!


Quando finalmente nossos corpos deram sinal de cansaço, Art me perguntou: “É sempre assim tão maravilhoso? Parece um sonho realizado e com certeza superou em muito todas as expectativas criadas por meu subconsciente!” Eu ri de sua inocência, acreditar ser possível tal tipo de realização e encontro com outra pessoa, era se não impossível, improvável!


Então expliquei, a plenitude, a sensação de sermos um só ser, não é normal, nem acontece com todo mundo. Apenas a proclamada petite mort* é comum na maioria das vezes. No entanto, não havia comparação para este encontro completo de almas. Era perfeito por si só. Meu anjo apenas sorriu e eu sabia, minha resposta o ajudou a aceitar melhor a minha primeira experiência com o Evandro. Ele temia uma comparação negativa.

*Expressão francesa, ao pé da letra significa pequena morte.


Ele se afastou um pouco me mantendo envolvida por seus braços. Fixou seu olhar no meu e disse apenas três palavras: “Eu te amo.” Contudo elas ressonaram em meus ouvidos como a mais bela melodia. Essa frase me deu toda a segurança que eu precisava.


Não conseguia parar de olhar para aquela perfeição em forma de homem, ter a certeza de fazer parte dele e ele de mim. Abracei emocionada o meu anjo, ele não fugiria na manhã seguinte, não procuraria outra no nosso primeiro desentendimento. Tudo o que me magoa e entristece o afeta também. Nossos sentimentos estão tão interligados quanto nossos corpos, mentes e almas. Somos realmente um ser único e completo.


Amamo-nos pelo restante da madrugada, até cairmos de exaustão. Antes do sono me pegar, procurei por seus braços e o aconchego do seu peito acolhedor. Estou mal acostumada, não saberia mais dormir sem sentir sua pele quente e suave de encontro a minha.


Arthur me acolheu com firmeza e alegria, me envolvendo em seus braços. Pouco antes de dormir, ele confessou: “Não poderia mais dormir sem ter você aconchegada ao meu peito, sem seu perfume a preencher minhas narinas e o suave roçar dos seus cabelos na minha pele.”


Acordamos com o sol alto batendo sobre a cama. Uma claridade luminosa e bem-vinda como a clareza do nosso amor. Eu abri os olhos sem me afastar dele, nos fitamos emocionados e repletos de felicidade. Gostaria de nunca mais sair daquela cama, manter o contato do meu corpo com o seu eternamente.


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11 comentários:

  1. Caraca, Mita, estou sem palavras, sério! Não tinha forma melhor de começar esse ano que com uma atuh maravilhosa como essa.
    Perto do que aconteceu depois, a presença do Evandro (e principalmente da Francisca) se torna até um mero detalhe que nem merecia estar sendo citado no meu comentário, mas sua presença foi necessário para a Ani, como ela mesma disse, acabar definitivamente com os fantasmas de seu passado e dar ao Art a certeza absoluta de seu amor incondicional por ele.
    Aliás, que declaração mais linda a que ela fez... Derramei uma lágrima antes mesmo de ler que ele tinha tido a mesma reação que a minha, haha.
    E chorei novamente junto com eles dois, quando os dois tornaram um só. O momento foi mesmo perfeito, tanto quanto as palavras utilizadas para descrevê-lo.
    Pois é, perfeito, nem tem mais o que dizer sobre essa atuh, Mita. Ela foi simplesmente mágica e eu amei demais (como sempre, mas ainda mais, se é que isso é possível).
    Beijo, tia!
    P.S.: Te mandei um e-mail.

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  2. Acho que a Ingrid disse o que eu poderia dizer... É uma parte linda que ficou ainda melhor nessa nova versão.

    Que dádiva seria se todos pudessem ser presenteados com um amor tão pleno.

    AMO sempre.

    ..: Bjks :..

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  3. Q linda essa atuh.. menos a parte da Francisca feiosa u.u'
    Adorei tudo e foi mesmo muito emocionante quando finalmente o Art tomou a iniciativa *-*

    Lindaaaaaaa atuuuh!!! S2


    Bjos Mita, desculpa a demora, ms fiquei sem net esses dias.. ¬¬'

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  4. Não tenho como comentar, simplesmente... perfeito.
    Atu linda.

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  5. Atuh linda! Mágica, perfeita etc... etc!
    Obrigada, Mita! No fim acho que o anjo é vc, que nos passa tanta emoção com suas palavras.
    Feliz 2011!

    *Comentei hj pq estava viajando.

    Beijos Mil

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  6. Não tenho palavras para esta atu como toda a gente... Não tem palavras para descrever mesmo!
    A Francisca só veio pra estragar mesmo... Não sei, mas me irritou profundamente, porque o comportamento dela foi tão infantil, tão estupido, que ela nem merecia um pobrezinho como o Evandro... rsrsrsrs
    A união dos dois apenas me fez pensar uma coisa: "queria ser eu no lugar da anita! E não só para ouvir o seu riso rsrsrsrs
    AMEI!!!!!!

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  7. No fim, o encontro com a Francisca e o Evandro acabou funcionando para aproximar ainda mais a Anita e o Art. Então, posso até dizer que foi uma sorte encontrá-los lá...

    Dindi, Pah, Deh, Maikon, Carol e mmoedinhas...
    Eu que fico sem palavras para agradecer o carinho e apoio de vocês! Obrigada por tudo, pelo carinho, elogios e a presença!
    AMO!
    bjosmil! *.*

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  8. Mita, este é realmente um dos momentos mais lindos de Anita, para mim... *-*
    Tão emocionante que fica até dificil dizer alguma coisa...
    Vontade de ler, reler, e ler mais uma vez!!
    Amo muito!!!
    Beijos

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  9. Eu também gosto muito deste momento. Mas o meu favorito nem é esse... Gosto quando ela resolve cuidar de si mesma e se livrar da depressão quando o pai some, da volta da mãe e do final.
    Brigadin! Amo quando ama!
    bjosmil! *.*

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  10. Não deveria ter deixado de olhar para o Art mesmo, Ani.
    Dói ver o Evandro assim... çç'
    Ele é tão tudo, mesmo sendo mulherengo cara de pau. ><
    Mas fico menos triste por saber que ele só a traiu com a Carmem.
    Evandrooooo, larga a feiosa da Fran e vem pra miiim!! Tb sou doida, vai fkr tdo beem. uhuhuhuhu
    Que lindo o Evandro esperando pela Ani, ainda mais já que mata o tempo com a boca grudada na Fran. Você me deixa orgulhosa, Zumbi. ¬¬'

    Noite linda!! *w*

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  11. Ah! É mais fácil esperar acompanhado, né? rsrsrsrsrs
    Sua paixão pelo Evandro nunca vai acabar! kkkkkkkkkkkkkkkkk
    Foi mesmo, o Art só queria ter certeza para se atirar de cabeça. Ele também estava inseguro... .-.

    bjosmil! *.*

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