quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Assim é Anita

Uma luz sublime envolve e penetra o meu ser ao empunhar o violino como uma extensão do meu próprio corpo. Sou o instrumento a transformá-la em som, reproduzindo a música celestial. Guiada por forças invisíveis executo a bela plenitude a me abraçar interna e externamente. Esta sensação transcendente me transporta para um mundo do qual não desejo sair. A realidade tensa da minha vida torna-se irreal diante de tanto êxtase.


Contudo a verdade me aguarda em todos os momentos: a dificuldade de me relacionar com os outros. Sei o quanto é importante aprender a conviver com as pessoas e espero finalmente o conseguir de forma alegre e sadia. Tenho um desejo profundo de fazer parte do mundo e ao mesmo tempo de me isolar dele em minha música. Encontrar um modo de transformar esta dualidade em unicidade é meu principal objetivo.


A crença de ser inferior pelo abandono da minha mãe abalou minha confiança ao lidar com as pessoas. O sentimento de insegurança era incomensurável e afetou minha infância sobremaneira. Creditava minha incapacidade de ser amada a minha tez, extremamente clara e incomum. Muitas vezes fui objeto de escárnio dos meus colegas de escola. E meu retraimento natural acabou determinando um isolamento na infância e adolescência.


Encontro a paz na canção magnífica a fluir de dentro de mim. Almejo um dia conseguir enlevar todos os seres com o som do meu violino, conectados por uma rede invisível e luminosa, transpondo as dificuldades terrestres. Minha aspiração é encontrar a verdadeira Anita assolada pela dor, insegurança, medos e inferioridade, resgatá-la e a fazer vivenciar essa paz transcendente em todos os momentos da vida.