sábado, 22 de janeiro de 2011

Comemorações

Mesmo com todo o carinho e palavras reconfortantes do Arthur, eu estava muito irritada, angustiada, apavorada, agitada, ansiosa... Inúmeros sentimentos negativos inundaram o meu ser. Eu não deveria sentir-me assim, desejava superar estas emoções. Ao mesmo tempo, esta confusão me assolava e não conseguia enxergar uma luz para extinguir este tormento.


Art me envolveu com seu afeto e eu escondi meu rosto em seu ombro, envergonhada. O embaraço não era pelas lágrimas, elas lavavam as minhas mágoas. A vergonha advinha das minhas imperfeições, da raiva represada e da mesquinhez dos meus pensamentos.


Lendo meu movimento e reações, meu anjo me abraçou e comentou não haver um ser perfeito nesta vida. A perfeição era para o Eterno. Neste mundo nós aprendemos através das imperfeições e o nosso crescimento só pode acontecer com esta descoberta. Após suas palavras eu me larguei em seus braços, estava sem forças para me mover. Ele praticamente me carregou para dentro do alojamento.


Acomodada sobre a minha cama, pedi desculpas pelo meu arroubo. Ainda estava desapontada comigo mesma, pela fraqueza do momento. Arthur não me deixou continuar, enfatizou a importância desta liberação de tensões através do choro. Quando não conseguimos lidar com elas ou não encontramos um modo de canalizar tantos sentimentos, o melhor é deixar as lágrimas rolarem. De certa forma encontramos conforto nelas. Pergunto-me se consigo passar por tudo isso de novo. O dia seguinte seria mais um dia de turbilhões emocionais, por conta do almoço com meus avós.


Dentro de mim, existem muitas dúvidas e poucas respostas, algumas sensações ruins e uma única boa. De benéfico eu só enxergo a presença marcante do meu namorado. Eu gostaria de simplesmente apagar o passado e me entregar ao presente, mas algumas vezes é tão difícil... A raiva se apodera, o medo toma conta, a cabeça ferve e nubla, minha essência fica bloqueada. Tenho a impressão de me distanciar e cair. Ao mesmo tempo, percebo o quão próxima estou de segurar a mão estendida para mim, prestes a me transportar a um degrau acima. Nestes momentos ao clamar por ajuda, ela nunca me falta; quando realmente estou disposta a crescer.


À noite fomos a festa de formatura do Reynaldo, não era um baile. Eles decidiram fazer uma comemoração informal, em um celeiro, onde normalmente acontecem algumas raves clandestinas. Chegando lá, encontrei meus pais namorando no jardim. Decidimos não perturbá-los e fomos direto para onde estavam meus amigos.



Um grupo muito peculiar estava se apresentando. Misturavam uma cantora de voz estridente, um teclado e o som de um violino. Esta mistura se transformava numa espécie de dance music completamente diferente e original. Fiquei intrigada, era a segunda vez, no mesmo dia, que eu me questionava sobre estar testando todo o meu potencial executando apenas música erudita. Talvez eu deva experimentar novos ritmos.


Todos dançavam voltados para o palco e apreciando o pequeno grupo. Gostaria de saber como deve ser tocar enquanto o público dança a sua volta, parece haver uma interação ainda maior da plateia com o artista. Nunca prestei atenção antes, mas o único a realmente participar de um recital meu é o Arthur. A audiência fica sentada e apenas aplaude ao final.


Cumprimentei Reynaldo e o felicitei por sua conquista do sonhado diploma. Finalmente ele poderia começar sua carreira política, como sempre almejou. Ele estava eufórico, só conseguia sorrir e festejar.


Art e eu nos rendemos ao som e começamos a dançar. Pouco mais de uma semana atrás eu descobri a harmonia perfeita entre nós na dança e muita coisa aconteceu desde então. Desta vez não foi diferente, em pouco tempo nossa conexão retornou e nossa sintonia era ainda maior.


Eu olhava para ele e via meu companheiro, meu amor, minha paixão. Minha confiança nele é completa, meu coração está totalmente aberto. Meu anjo é parte de mim, assim como eu sou parte dele. Eu me fortaleço nesta entrega, um só ser em dois corpos, esta união nos torna plenos.


Por um instante senti como se existissem apenas nós, ouvido a nossa música. As luzes estavam apagadas a nossa volta, apenas o brilho de nossos corpos em harmonia iluminavam o lugar. Um momento sobre o qual eu só tinha uma palavra: mágico! Mergulhei na completude daquele instante, me entreguei e o vivenciei junto ao meu amor. Esquecida do mundo, apreendia cada sorriso, cada olhar e notei em seus olhos o brilho de nossas essências unidas.


Quando meus pais vieram para pista, eu voltei a notar o ambiente a nossa volta. As luzes fortes ainda estavam lá, a música vinha do aparelho de som comandado por um DJ e as pessoas continuavam a dançar ao nosso redor. Nosso instante precioso não se perdeu por completo. Havia em mim a percepção intensa e o conforto de descobrir esta nova possibilidade: mergulhar na profundidade de nossas almas e encontrar uma perfeita união.


Na manhã seguinte, eu realmente não queria levantar da cama. O aconchego dos braços do meu anjo era um motivo muito bom para permanecer no mesmo lugar. Na realidade, era o meu medo de encarar meus avós a influenciar este estado de torpor. Art sorriu e disse: “Anjo, você é suficientemente forte para levantar desta cama e encontrar com eles!”


Com o braço do Arthur a envolver meu ombro, parei abruptamente na porta da minha casa, eu congelei. Não me sentia pronta, não poderia conversar com eles de coração aberto. Não estava disposta a ouvir seus argumentos sobre os acontecimentos do passado. Ainda doía demais, era amargo e parecia não passar nunca esta angústia dentro de mim. E machucava ainda mais, a minha dificuldade para perdoá-los.


Notando minha tensão, meu anjo me virou e aconchegou de encontro ao seu corpo, antes de falar: “Tudo vai dar certo! Você não precisa resolver todos os seus conflitos hoje, só conviver com eles, almoçar e procurar conhecê-los melhor. Com o tempo, tudo vai ficar mais fácil.” Depois de suas palavras tranquilizadoras, segui em direção a porta e toquei a campainha mais confiante.


Amélia nos recebeu com alegria e fez questão de agradecer ao Arthur pela sua presença. Eu consigo admirá-la cada vez mais, em meu coração eu a desculpei. No entanto, a minha mente teimosa vive a argumentar: se ela tivesse comentado com o filho sobre as ligações de Anne... Tudo poderia ser tão diferente!


Anacleto estava sentado no sofá da sala e nos convidou a sentar. Tinha um sorriso franco, todavia parecia preocupado e nem se levantou para nos cumprimentar. Talvez estivesse cansado, não sei; embora a aparência dele estivesse serena, minha intuição dizia haver algo errado ali.


Minha avó pediu licença para terminar o almoço e preparar a mesa. Eu pensei em me livrar da conversa no sofá e me ofereci para ajudá-la. Porém, ela disse ter tudo sob controle. Insistiu comigo para ficar e ouvir as palavras do meu avô.


Ao nos sentar, meu namorado e vovô falaram sobre a sua permanência na cidade; ouvi chocada ele dizer: “Estou aposentado, pretendo achar uma casa e fixar residência aqui em Colina Formosa, junto a minha família.” Ele continuou, explicando ser muito solitário viver na cidade grande sem nenhum parente e principalmente estando sem trabalhar. Meu avô via na cidade pequena a possibilidade de criar laços mais firmes e duradouros, não apenas com os familiares, como também com novos amigos.


Durante o almoço, eu ainda estava muito preocupada com a provável mudança dos meus avós. O desconforto geral era evidente, pois todos estavam concentrados em seus pratos e pensamentos. Ou simplesmente, a introversão é uma característica genética em minha família.


Minha mãe provavelmente comentou com minha avó sobre o Art ser vegetariano. Amélia preparou uma refeição leve, a base de queijo e salada, me deixando satisfeita com sua deferência ao meu namorado. No meio do almoço, ele deu um meio sorriso para mim. Havia um pedido implícito em seu semblante: “Converse com eles, puxe um assunto!”


Tentei realmente, um tanto incomodada com toda a situação, encontrar algo para falar. Lembrei de ter dado falta do balcão. Nós nunca tivemos uma mesa de jantar em casa. Anacleto, atônito disse não entender como eu pude passar a maior parte da minha vida sem fazer minhas refeições em uma mesa decente!


Minha avó tentou contemporizar, disse ter pedido a Anne para guardar o balcão e as cadeiras no porão. Era muito desconfortável para eles sentar em cadeiras altas, além disso, os dois estavam muito velhos para lidar com muitas mudanças ao mesmo tempo. Alguns hábitos eram difíceis de serem modificados.


Eu fiquei comovida com a explicação da Amélia. Resolvi calar-me, nem que o Arthur me desse o melhor de seus sorrisos, eu voltaria a falar qualquer coisa. Mesmo assim, as palavras da vovó abriram meus olhos, eles eram idosos e precisavam realmente estar próximos da família. Quem cuidaria deles se algo acontecesse? No fundo o gelo dentro de mim, começava a se derreter.


Não havia clima para ficar mais tempo ali. Após a sobremesa, demos uma desculpa comentando ter outro compromisso e nos despedimos. Enquanto meu avô me pedia para tomar cuidado e falava sobre os jovens hoje terem mania de adiantar as coisas. Minha avó pedia ao meu namorado para tomar conta de mim, por que eu era muito sensível e precisava de um protetor. Eu me questionei sobre como Amélia chegou a esta conclusão em tão pouco tempo.


Ao sair de lá, meu anjo sorriu para mim, acariciou o meu rosto e perguntou: “Então, agora você sabe que eles são apenas pessoas normais, com defeitos e qualidades como todos nós?” Fiquei intimidada, entretanto, ele tinha razão como sempre. Eu estava mais disposta a aceitar a presença deles e talvez, com o tempo pudesse deixar de lado toda a raiva.


Na véspera de Natal, o meu namorado acordou muito empolgado. Mal tive tempo para respirar e contar sobre minha ida à casa dos meus pais mais cedo. Minha mãe me pediu para ajudá-la a se arrumar para o casamento. Ao me jogar por cima dos lençóis com seu olhar encantador, eu simplesmente me perdi e esqueci de comentar qualquer coisa.


Não resisti a passar um pouco mais de tempo na cama com o meu anjo. Ele tinha o poder de me fazer esquecer todos os compromissos. E depois, eu iria apenas dar o meu apoio para a mamãe, fechar os botões do vestido, arrumar a saia e afirmar o quanto estava linda. Anne havia contratado profissionais especializados para fazer os nossos cabelos e a maquilagem.


Ainda perdida nos braços do meu amor, ouvi o toque insistente do telefone dos meus pais no celular. Por um momento pensei estar irremediavelmente atrasada. Atendi às pressas, era o mordomo da mamãe, ele falou muito agitado: “Anne desistiu do casamento!” Eu fiquei apavorada, mesmo assim preferi não perguntar nada pelo telefone. O melhor era ir até lá e descobrir qual era o problema com ela.


Arthur ainda me esperava sobre a cama com sua usual alegria e questionou: “Aconteceu alguma coisa?” Contei sobre a única notícia recebida e da urgência em ir até em casa. Percebendo o meu pânico, ele perguntou se eu desejava companhia. Eu achei desnecessário, o encontraria mais tarde durante a cerimônia, se ela acontecesse!


Quando cheguei, Alfredo estava a me esperar. Ele me ligou quando Anne ameaçou cancelar tudo. Resolveu trancá-la no quarto até a minha chegada. Por enquanto, papai não sabia de nada, a desculpa era a crença na superstição da qual o noivo não pode ver a noiva antes do altar. O velho amigo da minha mãe estava verdadeiramente preocupado e como a conhecia muito bem, me uni a sua preocupação.


Subi apressada e a encontrei encolhida no pequeno sofá de frente para a lareira, vestia um robe atoalhado, seu cabelo e a maquiagem estavam prontos. Provavelmente esperando ser convencida a aceitar suas bodas, um bom motivo seria o suficiente, sua decisão dependia somente da qualidade dele. Comecei perguntando o que aconteceu para sua mudança de ideia.


Mamãe comentou não se importar com casamento, pois já teve um anterior e papel assinado não é garantia de felicidade eterna. Aceitou porque meu pai insistiu, gostaria de ter uma cerimônia para reafirmarem seu amor diante dos amigos. Contudo só a compreendi, quando disse: “Mas filha, a gente estava tão bem morando junto! Porque estragar tudo com um casamento?”



Eu concluí: Mãe, reconheço que o casamento não mantém e nem assegura o amor de ninguém. No entanto, é muito importante para o papai. Principalmente, porque você se casou com outro antes, isso mexeu com ele! Enquanto você estava solteira, esperava por sua volta. Mas quando soube do seu casamento, ele se enrolou com várias mulheres... Leto não vai aguentar se você desistir. Com a presença do seu ex-marido e a sua renúncia em cima da hora, vai imaginar você voltando para a capital nos braços do Ricardo!


Anne se levantou bruscamente, estava assustada e falou não haver refletido sobre nada disso. Agora estava claro para a mamãe; papai precisava do casamento para superar o trauma e a crença de ter sido rejeitado no passado. Ele a ama e deseja uma prova concreta do quanto é amado por ela: o matrimônio. Confirmei suas conclusões e a apressei. Precisávamos nos aprontar para a cerimônia. Os convidados estariam chegando em menos de uma hora.



Agradeceu-me e aproveitou para tecer elogios a minha pessoa, afirmando estar feliz por me ver segura e confiante. Segundo ela, eu fui “maravilhosa” e a ajudei muito neste seu instante de incerteza. Deveria ter conversado com o papai antes, entretanto com um bebê a caminho, o ex-marido, a presença dos meus avós... Tudo isso contribuiu para postergar o assunto. E durante a sessão de embelezamento, se apavorou ao perceber a inevitabilidade da situação, era o dia das suas bodas.


Finalmente, mamãe resolveu se vestir. Procurando as peças do seu vestido, falava sem parar. Continuava a explanar sobre as mesmas questões, como se tentasse absorver o teor da nossa conversa. Percebi em seu matraquear o quanto ainda estava nervosa com a situação, mais conformada com o matrimônio pelo bem do seu amor.


A esteticista estava de prontidão no outro quarto, fez rapidamente meu cabelo e maquilagem. Eu ajudei minha mãe a colocar sua roupa. O vestido simples confeccionado pela estilista do spa, a deixava com uma aparência inocente e jovial, estava deslumbrante. Apressou-me, depois de se aprontar sua perspectiva mudou, desejava casar-se e saber se os convidados haviam chegado. Vesti-me e desci correndo para a festa. Quanto antes os dois contraíssem bodas, melhor!


No quintal, completamente decorado para a festa, todos os convivas já estavam presentes, faltava apenas a noiva. Encontrei a juíza ao lado do Ricardo, os interrompi e a questionei sobre os preparativos da cerimônia. Ela disse estar tudo pronto, seu discurso estava decorado e o livro aberto na página de assinaturas dos nubentes. Restava chamar os convidados para se sentarem e a presença da mamãe.


Quando passei pelo Art, ele me puxou e acariciou meu rosto perguntando se estava tudo bem. Expliquei ser apenas uma ansiedade natural de noiva. Lembrei do nosso início de manhã e o quanto estava impaciente para terminar o que começamos. Não era hora, nem lugar, precisava esperar todas as comemorações cessarem. E não havia apenas as bodas, era a véspera de Natal.



Mamãe já havia descido e olhava ansiosa pela janela o papai. Ele estava radiante com o casamento! E parece tê-la contagiado, pois ficou muito animada quando eu disse já estar tudo pronto.


Caminhei até meu violino e não estranhei ao ver meus avós sentados na primeira fila. Afinal, apesar do clima tenso e conflitante, Anne realmente queria reunir a família. Desejava esquecer o passado e estabelecer um futuro menos turbulento entre todos nós.


Eu executei a Ave Maria de Bach, escolhida a dedo pelo papai, pois foi um dos meus primeiros clássicos. Minha mãe sabia exatamente o momento certo da sua entrada, ensaiamos várias vezes. A intenção era terminar a música quando ela alcançasse o altar improvisado.


Anne entrou no acorde certo, porém ficou encantada com as cadeiras lotadas, todos seus convidados vieram. Depois de olhar um a um, ela começou a caminhar apressada carregando seu buquê de rosas alaranjadas, havia perdido o tempo e queria chegar antes que eu executasse a última nota. Papai também perdeu o tom, ficou imobilizado quando viu a minha linda mãe em seu vestido de noiva. Nunca o vi sorrir com tanta satisfação e admiração.


No altar, Leto a elogiou, cortando completamente a fala da juíza. Os dois pareciam adolescentes, entusiasmados com a cerimônia prestes a começar. Achei encantador comprovar este amor tão puro e pleno, resistente por tantos anos.


Quando trocaram os votos e as alianças, fiquei muito emocionada com as palavras do Anacleto: “Não vou te amar e respeitar pelo resto da minha vida. Não é verdade. Eu te amo desde a primeira vez que a vi, estava deitada ao meu lado, eu tinha apenas cinco dias de vida e você acabado de nascer. Te amei naquele primeiro instante e com o tempo, meus sentimentos por você se fortaleceram. Eu te amo e te respeito por toda eternidade, nesta vida e em todas as outras, passadas e futuras!”


Depois agradeci aos céus por ouvir papai falando dos seus sentimentos de modo tão comovente. Perdi as palavras dos votos de Anne, mas os seus, eu li anteriormente. Não tinha ideia do quanto meu pai amava a mamãe, desde a mais tenra infância, eu não poderia imaginar! Precisei segurar as lágrimas para não embaraçá-los.


A juíza os declarou marido e mulher, mamãe adotaria o nosso sobrenome. Finalmente, Leto realizou seu grande sonho. Quando penso sobre a crise da minha mãe mais cedo, fico muito feliz por tê-la aconselhado da forma correta. Há esta hora eu poderia estar consolando meu pai. Soltei a respiração, uma sensação de alívio se fez presente. Ver meus pais unidos e apaixonados foi a minha maior satisfação!


Após um beijo cinematográfico, eles mal conseguiam desgrudar seus lábios, esquecidos da audiência a sua volta. Foi preciso as palmas dos convidados ficarem mais fortes, para lembrá-los de onde estavam.


Eu chamei nossos amigos para um brinde aos noivos. Desejava discursar sobre o quanto estava emocionada com o momento, presenciar o casamento de meus pais, sabendo do amor imenso e profundo que sentem um pelo outro. Explicar meus motivos para acreditar realmente na eterna união do casal. Entretanto, a minha língua travou e fui pouco fluente: Vamos fazer um brinde à felicidade e ao amor dos noivos!


Em seguida, Anne cortou o bolo e o dividiu com o Leto, os dois estavam empolgados e esqueceram mais uma vez dos convivas. Porém, o mordomo atento o serviu sem nem pestanejar. Em pouco tempo, estavam todos apreciando um delicioso bolo de nozes.


Após a valsa, os convidados começaram a dançar, Art me convidou para dançar. Mal me despedi dele nesta manhã, fiquei a disposição dos meus pais por todo o dia, merecia em tempinho a sós com ele. Meu anjo também sentiu minha falta: “Nem sei o que é pior, tê-la longe de mim ou diante de meus olhos sem poder te tocar!”


Fomos interrompidos minutos depois, pois Anne queria apresentar-me ao seu produtor e a sua esposa. Claro, eu já havia conhecido seus antigos companheiros de banda, antes da dança e pensei estar livre de mais apresentações.


No entanto, me deparei com algo inesperado. Ele disse o quanto ficou encantado ao ver meu vídeo no anfiteatro e ao me ouvir pessoalmente. Acredita ser possível lançar um CD com as minhas músicas. Primeiro, me perguntei sobre o vídeo, olhei para minha mãe e soube: obra dela. Arthur sorria daquele jeito vibrante e irresistível, como se falasse para eu agarrar esta oportunidade. Meu maior desejo estava prestes a se transformar em realidade. Hesitei por causa da Universidade, desejava continuar meus estudos e obter o meu diploma.


A dúvida em meu semblante era clara e nem precisei expressá-las em palavras. Yanic explicou haver uma parceria entre a minha Universidade e o selo de sua gravadora. Eu poderia gravar no estúdio do campus e depois só acertar um ou outro detalhe na capital. Enquanto eu estivesse estudando, procurariam marcar os recitais nas férias e fins de semana. Em fevereiro, ele gostaria de ouvir algumas gravações minhas para selecionar as músicas do CD.


Depois de tantas explicações e a possibilidade de me formar ainda em vigor, eu não poderia deixar uma oportunidade desta escapar. Embora eu me apresentasse nos festivais, eu nunca pensei muito sobre meus próprios recitais e gravar minhas interpretações. Entretanto, era a sequência natural da carreira de uma violinista. Eu merecia e devia isso a mim mesma.


Art me felicitou e aproveitou para finalmente me beijar. Como sempre, seu contato me preencheu com a nossa sinfonia, me acalmando. Por fim me acomodei em seus braços, novas tensões surgiam em meio ao encantamento. Eu estava ao mesmo tempo entusiasmada e apavorada com a oportunidade. Meu maior medo era toda esta nova situação acabar por me afastar do meu anjo. No entanto, eu não falei nada. Apenas me apertei de encontro ao seu corpo um pouco mais.


Após o almoço, passamos o restante da tarde dançando. A animação tomava conta de todos. No entanto eu só queria ficar abraçada ao meu amor, sentindo seu perfume inebriante, o calor dos seus braços, o desejo vibrante entre nós. Aproveitar ao máximo sua presença marcante em minha vida.


Anne tinha convidado a todos para passarmos a noite de Natal juntos. Apenas Reynaldo e Tânia se retiraram mais cedo para se unirem a sua família. Sua antiga banda, seu produtor e esposa ficaram conosco para apreciarmos juntos uma maravilhosa ceia.


Ao final do jantar, um Papai Noel apareceu misteriosamente. Nenhum adulto se responsabilizou pela sua vinda. O mais importante foi esta presença trazer uma enorme alegria para a pequena Abigail. Fiquei admirada com o meu anjo, havia um ar nostálgico em seu olhar, uma inocência e pureza próprias dele.


Em seguida, houve uma troca de presentes entre os adultos, todos tinham uma ou outra lembrança para oferecer. É muito gratificante perceber os sorrisos de aprovação quando acertamos um presente. Eu fiquei muito comovida com tudo aquilo. Meus natais com papai eram um tanto comuns, em geral ele me dava uma lembrança, fazia meu prato favorito e era tudo. Este foi o meu primeiro Natal com festa, troca de presentes e entre tantas pessoas queridas.


Meu namorado me afastou um pouco dos outros para me dar seu presente. Ele me ofertou pequenos mimos, deixando flores em meu camarim, além de reformar o meu quarto, eu tinha adorado cada uma de suas surpresas. Qualquer presente dele era muito especial e me deixaria emocionada. Ao me entregar a caixa, falou sobre as duas passagens aéreas para uma cidade chamada Amami. Eu sabia o seu significado: Ele me levaria para conhecer a Vila onde mora seu Mestre!


Ansioso me perguntou: “Você aceita ir comigo até lá, anjo? Voltamos umas duas semanas antes do planejado para você gravar as músicas antes do encontro com o Yanic.” Eu desejava muito ir com ele e poderíamos ficar todo o tempo, pois eu havia gravado muitas músicas no estúdio da minha mãe. Minha preocupação era o passaporte, o meu havia vencido ano passado. Ele deu aquela risada deliciosa e disse: “Tive sua mãe como cúmplice, está tudo pronto!”


Foi a minha vez de surpreendê-lo. Com a ajuda de Anne, encomendei um mp3 player pela internet e gravei todas as minhas músicas em seu cartão de memória. Ele me contou seu desejo de comprar esta novidade, por sua praticidade e conforto. Seu sorriso e a emoção em seus olhos quando viu seu presente me deixaram extasiada. Foi uma noite memorável. Nunca me esquecerei deste Natal!


Após as despedidas chorosas, por causa das viagens, fomos direto para casa. Mamãe nos mandou usar seu carro pois estava muito tarde. No dia seguinte Alfredo o traria de volta. Não tenho o hábito de dirigir, contudo por conta da excitação vibrante de nossos corpos, deixei de lado a cautela de principiante e “pisei fundo”. Como não há sinal de trânsito em Colina Formosa, voei até a Universidade. Durante o percurso, a mão do Art deslizava pela minha perna, o suficiente para me fazer acelerar mais e querer chegar o quanto antes.


Parei de qualquer jeito em frente ao alojamento e em pouco tempo estávamos sem roupas, sobre a minha cama. Nós as deixamos pelo caminho na correria até o quarto entre os beijos e carinhos audaciosos. Aproveitamos que tínhamos o alojamento só para nós. Todos os nossos companheiros estavam comemorando o Natal com suas famílias e não voltariam até o começo do próximo semestre.


Estávamos muito afoitos por nos unir, em pouco tempo nossos corpos se encaixaram com perfeição e nossa sinfonia tocou intensa dentro de mim. Eu consegui compensá-lo pela interrupção desta manhã. Minha recompensa foi plena ao ouvir sua sonora risada, a satisfação marcada em sua face, o seu cheiro tão familiar e marcante, sua tendência a me deixar trêmula e desejosa de nunca mais parar.


Prestes a dormir aconchegada em seu peito, meu namorado me perguntou: “O que a está preocupando. É a viagem ou o CD?” Ele quase adivinhara. Mesmo assim estava distante da profundidade dos meus sentimentos egoístas e pessimistas. Em seus braços e com sono, eu sempre me solto, então falei: Estou com medo de te perder durante todo o processo. Nós vamos ficar mais distantes quando eu começar meus recitais... Estou receosa!

Meu amor explicou: “Anjo, não pode perder o que está marcado dentro do seu peito. Nosso amor é eterno. Eu sempre vou estar junto a você e a distância não é absolutamente nada, diante da imensidão do meu amor!”
Eu realmente desejava acreditar em suas palavras e apaguei um tanto consolada sobre o seu peito.



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14 comentários:

  1. Como pode ser! :O Foi um choque mesmo! A Anne desistindo do casamento? O que correu mal!???
    Agora estou tão preocupada! tinha mesmo de acabar ali né??? xD

    Amando!

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  2. Ah! Mais tarde vem mais... Vai saber de tudo hoje mesmo!
    bjosmil!*.*
    Obrigada!

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  3. Mita, ontem eu fiquei esperando aparecer a atualização no painel, e esqueci que ela não ia aparecer, porque foi continuação da mesma de sábado, sorry! -.-"

    Essa música sempre me emociona e sempre faz chorar, seja qual for o arranjo.

    O casamento estava perfeito, e desta vez foi a Ani quem teve o equilíbrio e as palavras certas para dizer a sua mãe. Que lindo laço...

    Leto estava gato, e meldels, eu quero achar o Ricardo, sei que Eve não se importaria de dividi-lo comigo! Haushauhsuahsauh!

    Maravilhosa a atuh!

    Bjks!

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  4. Oh! Já toquei esta musica!!!!!!! :D
    Que cerimónia bonita *limpa lagrima* ahhh, espero um dia ter uma assim parecida! Ambas, Ani e anne, estavam lindas e depois... BOLO DE NOZ! xD amooooooooooo
    Anita está finalmente formando o seu futuro. E ao que parece, vai ser muito bom!

    MARAVILHOSO!

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  5. Owwn *--*
    Que casamento adorável s2
    Adorei o vestido, a unha o cabelo tudo... Roxanne estava perfeita.
    Ricardo, Leto e Art... .baba. Lindos!
    Anita... é um anjo de fato! Ninguém melhor do que ela para aconselhar a mãe.
    Amei demais. <3

    Beijos mil.

    ;*

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  6. Pah,
    Acho que a Ani tem bons exemplos e está aprendendo o que falar na hora certa. E acho que isso mostra que todo mundo precisa de um apoio vez por outra, seja ela, a mãe, o pai ou o próprio Art.
    Acho que a Eve não se importaria nem um pouco.

    mmoedinhas,
    Ah! Pelo menos uma do repertório da Ani! :}
    Também amo bolo de noz, mas gosto mais da Torata de Santiago que é de amêndoas!
    É o futuro da Ani parece que está florescendo...

    Carol!
    Ah! Que bom que gostou! Eu me esmerei muito com o vestido, por isso a atuh atrasou... Não encontrei nada que me agradasse e tive quemexer em um no BS.
    Ani conhece bem o pai, no último ano juntou os artigos com os fatos do passado e percebeu que tudo tinha uma relação com a Roxanne... Só ela poderia mostrar a Anne como o pai se sentiu, sabemos que o Leto, praticamente não fala. .-.

    Obrigada meninas! Pelo carinho e presença, o amor que dedicam a esta história preciosa para mim!
    Sábado é o último capítulo e no outro o Epílogo...
    bjosmil! *.*

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  7. Nossa, pensei que nunca fosse chegar até aqui, eu li essa história toda em duas noites.Estou completamente sem palavras, é tudo tão perfeito, os detalhes, os personagens, os sentimentos, como se tudo fosse mesmo real.Parabéns Carmita, é tudo muito lindo. Estou ansiosa pelo último capítulo.
    Mais uma vez Parabéns, suas histórias são ótimas.

    Beeijos ;*
    E sábado vou estar aqui de volta, não perco o último capítulo por nada.

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  8. Mitaaaaaaaa!!! sorry!!! =$


    Esses dias não estava muito bem, mas agora ta tudo ok! =)

    A atuh foi linda em um todo, muito legal agora a Anita poder aconselhar a mãe. Fez bem em lembrar em que parte a atuh continuava .baba. assim foi facil achar.... kkkkkkkkkkkk

    Casamento e em seguida o natal, quantas comemorações boas, sempre bom ter amigos e familia juntos *-*

    Lindo e amei como sempre.



    Bjooos

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  9. Natalia!
    Nossa! Leu tudo em duas noites?! O.o
    Fico lisonjeada com todas as suas palavras! Procurei realmente expressar tudo com a maior veracidade possível. Obrigada!

    Deh!
    Pensei que tivesse perdida que nem a Pah! .-.
    Tal mão, tal filha...
    Ah, achei que parei em uma boa foto... Memorável! rsrsrsrsrsrsrsrsÉ todos juntos agora a vida mais ou menos encaminhada, Anita cada vez mais segura, apesar de ainda ter suas dúvidas... Mas está na reta final! Amo quando ama!

    Obrigada pela presença e carinho!
    bjosmil! *.*

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  10. Mãe atrasada se apresentando...
    Desculpe, querida, fiquei afastada do blog por esses tempos, mas agora já me atualizei por completo...
    Quantos acontecimentos!!
    O recital da Anne foi perfeito, e ela mereceu casa aplauso que recebeu. Foi muito lindo!
    E os avôs dela? hum.. Confesso que pensei que não ia dar certo, mas fiquei feliz que pelo menos eles estão querendo recuperar o tempo perdido.
    Já o que a Anne está sentindo em relação à eles, é normal! Mas creio que vai passar.
    O casamento, sem comentários, apesar da crise rápida da mamãe, tudo foi perfeito!
    Nem vou falar da sintonia dela com seu anjo né! Muito mara e emocionante!
    Enfim, esou amando cada perdaçinho da história!
    te amo, querida!
    bjosss

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  11. Mitaaaaaaaaa!! Sei que estou muito atrasada pra comentar, me desculpa, mas essa semana fiquei super enrolada e estou cheia de problemas, e como Anita é uma leitura muito especial que não pode ser feita de qualquer jeito, não dava pra vir aqui e ler com pressa.

    Acho que não tem outra palavra para descrever essa atuh além de linda, porque era isso que tudo estava: lindas as roupas (sua dedicação pra criar o vestido deu excelentes resultados), lindos o Art, o Leto e o Ricardo (OMG!), linda a ligação de mãe e filha que tanto floresceu, lindo os votos do Leto e lindas as palavras do Art.
    Atuh impecável, maravilhosa e perfeita, Mita, assim como tudo que vem de você!
    Amei demais! Beijo.

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  12. Mile,
    Senti sua falta... Ç.Ç
    Fico feliz que tenha apreciado tudo!
    Acho que a esta altura, os avós dela querem o conforto da família, apesar dos erros cometidos no passado. Ani tenta superar e perdoar, acho que o perdão vem de dentro e começa com a vontade de perdoar.

    Dindi!
    Enrolada, é? Hummmm... Quero saber tudooooooooooooooo! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Que bom que gostou do vestido! Eu queria algo simples e ao mesmo tempo sedutor, não podia ser branco e devia ficar bem para o dia... Virgiana mais detalhista.... rsrsrsrsrsrsrsrs
    Fico muito contente que tenha amado tanto!

    Obrigada minhas flores!
    bjosmil! *.*

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  13. Casal fofo a Rox e o Anacleto!

    Gelei com a Rox desistindo da ideia do casório.
    Decara com o vestido da Rox... Tão ousada!! Diva!! \õ/
    Aiin, chorey!
    Que linda a declaração do Anacleto, acho que nunca vi mais linda... *------*
    Tb qro bolo de nozes çç'

    Tudo perfeito!

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  14. Ah! Quase desiste mesmo! O.o
    Vestido ousado e romântico como ela! :}
    Realmente o Leto foi perfeito!
    Também quero! çç²

    Obrigada! *.*

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