sábado, 4 de dezembro de 2010

Decepção

Minha amiga estava estranha e arredia, abriu a porta e sem nem ao menos me cumprimentar direito, disse: “Anita, o que está fazendo aqui? Se veio ver o Zumbi, ele não vai poder falar com você agora! Acho melhor você voltar para casa... Espere ele lá.”


Eu lhe cumprimentei com um beijo, lembrando-a de sua falta. Ela ficou envergonhada e me pediu desculpas pelo seu lapso e ansiedade. Não conseguia compreender o significado por trás de suas palavras e atitude em relação ao Evandro. Suas frases pareciam desconexas, principalmente por saber o quanto os dois mal se suportavam.


Perguntei se ele estava no alojamento. Tive a sensação de ser enrolada, era como se ela estivesse ganhando tempo ao me responder com frases obscuras e incompreensíveis. Seus comentários sugeriam ter algo acontecendo, o qual eu não gostaria de presenciar e disse o quanto seria melhor se eu fosse para casa. Finalizou afirmando que eu ficaria grata pelo conselho.


Sua postura me deixou impaciente. Eu só desejava saber onde estava o meu namorado, precisava encontrá-lo, iria entrar e procurá-lo antes de seguir para o meu alojamento. Francisca não me respondeu diretamente e ficou em frente à porta, em uma atitude explícita de impedir minha entrada.


Sua insistência em me afastar dali, sem uma explicação sensata, me intrigou. Mesmo assim, eu desejava esclarecer tudo com o Evandro, o quanto antes. Não esperaria mais uma hora para nos encontrarmos. Fui firme com ela e afirmei sobre nada, nem ninguém me impedir de entrar.


Por um instante cheguei a pensar que ela me agarraria para evitar meu ingresso. Entretanto a Fran simplesmente se afastou e murmurou algo como: “lavo as minhas mãos”. E abriu espaço para minha passagem com meio sorriso em seu semblante, em uma atitude totalmente incoerente.


Entrei no salão do alojamento, com minha amiga colada em meus calcanhares. O odor de mofo, geralmente inofensivo, penetrava pelas minhas narinas, causando uma sensação se desconforto. Uma energia estranha pairava no ar, como se o tempo estivesse parado por uns instantes, algo incomum e me deixou incomodada.


No entanto, uma força benfazeja estava ao meu lado, me sentia protegida. Normalmente eu caminharia até o quarto do Evandro e bateria a sua porta. Esta mesma força me impulsionou a olhar para a saleta de estudos, atrás das estantes. Fui atraída àquela direção e eu não gostava nem um pouco desta sensação, um pressentimento ruim a me perturbar, apesar da impressão benéfica.



Ao dar a volta pelas estantes, eu vi uma jovem de minissaia sentada no colo do meu namorado. Uma bela loira de tez clara e vibrante, de cabelos brilhantes flutuando acima dos ombros. Fiquei paralisada, havia uma intimidade inusitada, a atmosfera opressiva envolvia meus pensamentos, incitando-os a fluírem em abundância.


Eu não pretendia perder a compostura, apesar das mais variadas sensações despertadas naquele instante: ira, medo, incompreensão, ciúmes, desconforto, alívio... Eu não entendia a maior parte dos sentimentos a assolarem meu ser, nem o motivo de me manter imóvel e muda diante da cena a descortinar-se a minha frente.


Quando ele a beijou vorazmente despertei para o meu real pesadelo. Aquilo estava acontecendo bem diante dos meus olhos. Fiquei mortificada. Meus lábios pronunciaram “Evandro”, não tenho certeza de como a palavra saiu de minhas cordas vocais estranguladas. Pela primeira vez não ouvi som algum. Apenas o silêncio do seu nome pronunciado pela minha boca.


Ele se desvencilhou da garota, acredito ter sido rápido, contudo tive a impressão de ter demorado uma eternidade até ele se levantar. Seu semblante demonstrava constrangimento por conta da sua atitude e algo indefinível, não saberia explicar, dado o meu nervosismo. Comentou não ser exatamente aquilo e sobre eu estar tirando conclusões erradas. Realmente, eu não estava interessada em ouvir suas justificativas, era evidente, ele não me ama.


Eu me virei com o intuito de sair daquele ambiente opressivo o mais rápido possível. Porém a Francisca barrou meu caminho, queria se redimir por não falar nada sobre a traição do Evandro. Eu não a culpo, talvez eu nem a escutasse. Se não visse com meus próprios olhos, não acreditaria nem se a Tânia me contasse. Eu confiava nele.


O tempo foi suficiente para ele me alcançar e pedir perdão. O sujeito teve o descaramento de falar alguma coisa sobre ser um mal-entendido e do seu amor... E muitas outras mentiras! Eu não podia acreditar mais nele. Foi meu primeiro namorado, é verdade, mas sei somar dois mais dois. Ingênua, posso até ser, todavia não sou cega, sei exatamente o que vi e presenciei!


Dei um basta naquela situação e disse ser impossível continuar a me relacionar com ele. Estava muito magoada e preferia não ter alimentado esperanças em meu coração. Se ele não tinha interesse em se relacionar seriamente comigo deveria ter deixado tudo às claras.


Durante os últimos meses acreditei no amor do Evandro e no seu companheirismo. Sofri pela culpa de ter beijado o Arthur em meus sonhos e me sentir atraída por ele. Se eu soubesse que nosso relacionamento não era levado a sério... Seguiria meus sonhos e minha intuição!


Virei a cara para o ex-namorado e caminhei em direção a porta. Tenho grandes amigos morando ali, no entanto não pretendia mais voltar àquele alojamento e relembrar minha inocência perdida. Minha amiga me chamou a pouca distância da entrada, parecia muito preocupada comigo.


Eu estaquei ali, meu corpo tremia, minhas pernas estavam bambas, lágrimas teimosas queimavam as minhas faces. Estava desmoronando quando ela se aproximou e notou minha angústia. Fran me abraçou em um gesto de consolo e se desculpou por não me contar nada sobre ele. Antes de me namorar o Evandro dava em cima de todas as moradoras dali.


Eu sabia o quanto ele era experiente. Porém, o sujeito começou seu jogo de sedução meses antes de começarmos a namorar. Enquanto isso ficava de gracinha com todas as meninas do seu alojamento. Minha dor só aumentava ao ouvir toda esta história e descobrir o quanto ele manipulou minha ingenuidade e inocência.


Ela resolveu contar toda a sordidez do caso, havia até imaginado uma recuperação por parte dele quando começamos a namorar. Contudo durante este inverno, o Evandro recebeu uma visitante de fora e minha amiga os viu em uma situação um tanto comprometedora, um flerte mais ousado.


Eu mal conseguia acreditar em sua perfídia. Não havia nenhuma palavra de consolo boa o suficiente para aplacar a dor que eu estava sentindo. Eu me enganei, acreditei estar vivendo um grande romance. Sentia minhas forças sendo drenadas. Um abatimento profundo tomou conta do meu ser.


Ela tinha mais a contar, flagrou-o beijando uma outra garota na porta do alojamento. Francisca no início acreditava no amor dele por mim, mas depois disso soube das suas más intenções. Entretanto não sabia como me contar. Tentou cobrar dele uma atitude, no entanto ele se recusou a se afastar de mim e disse não ter feito nada demais.


Depois de ouvir tudo isso eu não podia continuar chorando. Eu precisava levantar a cabeça e reagir. O sujeitinho não merecia nenhuma das minhas lágrimas. Sequei-as e me despedi da Fran agradecendo pela franqueza, mesmo tardia. Imagino o quanto foi difícil para ela guardar tudo e por tanto tempo. Por várias vezes tentou entrar no assunto e eu a cortei.


Ao ouvir a porta se fechar atrás de mim, uma dor profunda assolava meu coração. Eu sentia como se o tivessem arrancado do meu peito e o apertassem forte. Ele batia rápido e descompassado. Algum dia esta dor iria passar? Ergui minha cabeça, apesar das lágrimas ainda marcarem meu rosto, segui sem rumo pela noite sombria.


Na manhã seguinte, acordei desnorteada, estava em um lugar estranho sentindo um perfume de eucalipto e pinho mesclado a um aroma deliciosamente masculino. O calor a me envolver era reconfortante, meu travesseiro tinha pele sedosa e eu podia ouvir as batidas ritmadas de seu coração.


Embora estranha a sensação de estar nos braços do Art, notei meu encaixe perfeito em seu peito, como se pertencesse a ele. Os acontecimentos da noite anterior me levaram a esta situação inusitada e constrangedora. Acordar na cama de outro homem na manhã seguinte ao término do meu namoro. Meus pensamentos estavam conturbados a rememorar os acontecimentos passados.


Ao me levantar, ainda atordoada, Arthur me seguiu e amparou, notando o titubear das minhas pernas. Encontrei mais uma vez compreensão em um outro ser, na verdade cheguei a imaginar ter isso com o Evandro, mas estava enganada. Ainda sinto dor ao relembrar a cena da noite anterior. É um aperto imenso no peito, como se tivessem extirpado um pedaço de mim.


Após algum tempo ele me soltou e perguntou se eu estava melhor, ficou pacientemente ao meu lado esperando uma resposta. Apesar dos exageros da noite passada eu estava bem, porém extremamente envergonhada. Acabei pedindo desculpas pelas minhas ações impensadas e minhas exigências.


Art disse que repetiria tudo de novo só para ter o prazer de dormir uma noite abraçado a mim. Por ele, eu me mudaria para o seu quarto e ficaria ali para sempre. Eu sorri, contente ao notar ainda ser capaz de tal feito, apesar de toda a dor latente em meu ser. Naquela manhã eu estava preparada para enfrentar meu próprio cômodo e as lembranças do Evandro, gravadas em cada parede.


Nós ainda estávamos sorrindo quando meu maior pesadelo entrou, praticamente arrombando a porta. Não acreditei em sua petulância, adentrar no quarto dos outros daquela forma. Olhou para nós com raiva e veio diretamente a mim. Não tinha ideia de como agir perante a situação.


Meu ex-namorado começou falar como se eu fosse uma leviana qualquer. Eu ignorei suas ofensas e me virei de costas. Ele não tinha o direito de dirigir sequer uma palavra para mim e muito menos atacar a minha moral. Tirou suas próprias conclusões ao me encontrar no quarto de um homem, vestida com o blusão do seu pijama de seda.


Arthur parecia transtornado ao apontar para ele e dizer: ”Anita sempre foi leal, nunca te deu motivos para ser traída. E agora, depois de tudo o que você aprontou ainda quer tirar satisfações com ela por estar no meu quarto? Ela não deve explicações e não é uma qualquer! Sabe o valor da mulher que esteve ao seu lado e a trata como se fosse igual a você?! Sempre acreditei que você não a merecia e hoje tenho certeza! Saia do meu quarto!”


Entretanto o Evandro nem se moveu e começou a agredir o Art. Dizendo sempre ter percebido os olhares dele para cima de mim e sobre não deixar um “nerd” qualquer roubar a “mulher dele”. Eu tive vontade de chorar, todo o sofrimento era reflexo da minha falta de respeito a minha intuição e sonhos.


O Arthur não estava disposto a ouvir os disparates do sujeito: “Eu sou adepto da não violência, mas isto não quer dizer que não esteja apto a me defender e às pessoas a quem amo. Acho melhor você ir logo embora, se recolher em sua insignificância, deixar esta mulher magnífica e sensível em paz.”


E completou: “O que você fez com ela não tem perdão. Pensa que eu não sei o significado deste seu apelido, Zumbi? Significa que você ficava sem dormir, vagando de quarto em quarto naquele alojamento, cada hora com uma garota diferente. Enganou uma pessoa pura de coração com sua conversa mole. E agora, sabendo a verdade, ela não quer mais ver você. Simples assim!”


Fiquei pasma com a afirmação do Art. Nunca poderia adivinhar o significado daquele apelido, não queria nem pensar naquilo. Evandro resolveu abaixar a cabeça e declarar, olhando diretamente para mim: “Eu só dormi com você este tempo todo, não estive com mais ninguém.” Provavelmente esperando alguma reação minha.


Não podia acreditar em qualquer palavra vinda daquele ser. Eu estava em choque com toda aquela situação, parecia fora do contexto, contudo toda a minha vida foi tecida assim, de maneira desordenada. A cena toda se passava como se eu não estivesse ali vivenciando cada etapa.


Tudo parecia embaçado e fora de foco. A voz quente do Art em tom de censura e sua impetuosidade beirando a violência, eram facetas dele, antes desconhecidas para mim. Ao mesmo tempo inacreditáveis e admiráveis, por estarem acontecendo no momento adequado, praticamente perfeito. Quando me dei conta ele indicou ao sujeitinho o caminho da porta.


Humilhado, saiu sem me fitar e uma sensação de vazio me envolveu. Eu acreditei no seu amor e estava feliz, embora minha intuição dissesse estar tudo errado. Mesmo assim, ao pensar no meu sentimento unilateral, sobre o quanto eu havia sofrido pela culpa de sentir atração por outro, enquanto ele não era fiel ao nosso compromisso, ficava irritada, angustiada e triste.


Eu tive uma imensa vontade de chorar! Não consegui segurar. Eu não queria derramar mais lágrimas, não ali, na frente do Arthur. Depois de tudo o que fez por mim, ele não merecia ver-me naquele estado por causa do Evandro. Pois, meu sofrimento se refletia em seus olhos, ele sentia a minha própria dor.


Enquanto eu murmurava meu pedido de desculpas, Art passou o braço pelas minhas costas dizendo: “Anjo, você não precisa pedir desculpas. Isto vai passar, aquele sujeito não vai voltar aqui para te perturbar mais. Vou estar sempre ao seu lado, enquanto você precisar de mim.”


Não resisti e o abracei. Tive vontade de responder o quanto eu precisaria dele e sabia, seria para sempre. Ele estaria disposto? Eu não conseguia soltá-lo e voltei a lembrar de sua ajuda providencial na noite passada. Se não fosse ele, não sei como conseguiria voltar para casa e se não fosse por ele eu teria voltado direto para cá.


Ao sair do alojamento do ex, estava transtornada de dor. No entanto, só pensava em não encontrar o Arthur com a face marcada pelas lágrimas. Não tinha ideia da sua reação e na verdade estava com medo de me atirar em seus braços. Buscar alento junto a alguém como ele seria muito fácil e acabou sendo assim no final.


Decidi desviar meu caminho e entrar nos Três Pinheiros, a princípio desejava apenas lavar o rosto e me acalmar, sentindo a água fria escorrer pela minha face. Por um instante, parecia suficiente para aclarar minha mente e enfrentar o inevitável. Contudo meus receios me impulsionaram até o balcão e fiz um pedido.


Pela primeira vez em minha vida me entreguei a bebida. Eu não bebi apenas um gole como das vezes anteriores, virei o primeiro copo rapidamente e não tenho ideia de quantos outros o seguiram. Queria apenas afogar a raiva e a sensação de ter novamente tomado uma decisão errada. Como se eu tivesse sempre a tendência de escolher o pior para mim. Esta era a minha maior frustração!


O barman me serviu o “último copo”, frisando bem estas palavras. Ele não acreditava na minha capacidade de levantar do banco sem tropeçar em minhas próprias pernas. Eu não poderia contradizê-lo, pois minha língua enrolou e mal consegui pronunciar uma palavra entendível.


Eu estava terminando o meu drink, quando vi pelo espelho o reflexo do Art se aproximando. Por um instante pensei ser a bebida a me fazer imaginá-lo. Porém, ele parecia muito preocupado e irritado. E em meus sonhos ele sempre estava sorrindo ou me seduzindo.


Quando se sentou ao meu lado começou a reclamar. Eu realmente não me lembro bem das suas palavras, estava muito alterada pela bebida. Mas entendi algo sobre o Reynaldo ter perguntado por mim no alojamento, quando soube do ocorrido mais cedo. Arthur ficou apavorado por eu não ter voltado e resolveu procurar-me pelo campus e este era o último lugar no qual esperava encontrar-me.


Mesmo com a língua enrolada, falei algo sobre eu ser uma estúpida, não merecer a consideração dele e que eu deveria ter ficado com ele antes de ser traída! Disse muito mais coisas, meu estado lamentável retirou todo o meu constrangimento e discernimento naquele momento, todavia agora sinto-me envergonhada pelas palavras impensadas.


Generoso, Art amenizou a forma de me tratar. Concluiu estar na hora de voltarmos e não comentou nada sobre a minha indiscrição. Desde o início da nossa amizade, nenhum dos dois expressou algo sobre a atração latente entre nós. Ele sempre foi um gentleman, simplesmente fingiu não ter ouvido minhas palavras. Afinal eu estava bêbada e não agia com coerência.


Finalmente ele se levantou determinado a me levar para casa. Sua proximidade só me fez ficar mais consciente do seu poder de atração sobre mim. Tentei expressar isso, mas ele não sorria, parecia até irritado comigo. Por um momento eu me esqueci completamente da traição do Evandro e só pensava em como seria estar em seus braços, o efeito da bebida me deixava desinibida para seguir as sensações do meu corpo.


Eu estava um tanto trôpega e descoordenada. A princípio ele quis chamar um táxi, porém insisti por caminhar até o alojamento. Art se ofereceu para me ajudar, enlaçando a minha cintura e praticamente me carregando por todo o caminho.



Ao chegar, eu cambaleei e fui amparada por seus braços fortes, mas não tenho certeza se ainda era o efeito do álcool. A proximidade com o Arthur durante as três quadras até em casa, me deixaram ainda mais zonza. Meu corpo estava completamente arrepiado e eletrizado, minha mente estava leve e eu só pensava se ele desejaria um beijo meu. Afastei-me por um instante, para acalmar as batidas erráticas do meu coração.


Dentro do alojamento, Art me fez parar no refeitório para tomar um café. Puxou a cadeira e me mandou sentar enquanto o preparava para mim. Achei muito engraçado, pois ele mesmo nunca gostou de café. Entretanto estava praticamente exigindo que eu tomasse um. Fitei-o, apreciando este seu lado protetor e um tanto autoritário, nos momentos apropriados gosto quando alguém toma as decisões em meu lugar.


Quando terminou, trouxe a xícara para mim. Havia um meio sorriso indefinido em seu rosto. Fiquei a me perguntar se ele estava chateado comigo. Talvez fosse apenas uma impressão, pois eu me culpava por fazer dele uma espécie de estepe. No entanto, eu ainda não havia pedido nada, até aquele instante foi ele quem se dispôs a me procurar e auxiliar.


Arthur colocou o café na minha mão e me obrigou a beber, dizendo estar forte e amargo. Completou afirmando ser importante eu tomá-lo assim para não me sentir mal na manhã seguinte. Realmente estava horrível! Por isto virei a xícara, engolindo tudo de uma vez, como quando tomo um remédio.


Ao ser levada a porta do meu quarto, lágrimas teimosas desceram por minhas faces. Não queria sentir o cheiro do Evandro na fronha do travesseiro e muito menos olhar para aquelas paredes, pois me lembravam de cada minuto passado ao seu lado. Não estava com vontade de entrar no meu próprio cômodo e encarar as lembranças da minha estupidez.


Fiquei feliz quando o Art sugeriu uma troca de quartos. Contudo, não gostaria de ficar sozinha, precisava de companhia e queria dormir ao seu lado. Não sei como tive coragem para verbalizar meu desejo. Não era bem uma sedução, apenas necessitava de carinho, compaixão e amizade. Estava confusa e magoada com o meu ex-namorado, todavia embriaguei-me com a presença do Arthur. Finalmente estava livre da culpa por sentir-me atraída pelos seus doces olhos azuis.


Meu amigo mantinha uma expressão desolada em seu semblante, entretanto não rejeitou a ideia. Por um instante fiquei apreensiva por persuadi-lo usando minha desilusão como desculpa. Mesmo assim seguimos juntos até o seu quarto. Ao chegarmos, ele tirou seu pijama azul de seda de dentro da cômoda e me ofereceu a camisa para usar e saiu com a calça em suas mãos.


Eu me troquei rapidamente, me senti tonta com o perfume de eucalipto e pinho fresco a envolver meu corpo. Estava escovando meus cabelos quando ele voltou e perguntou: “Tem certeza, anjo? Eu posso dormir no seu quarto, ou até no sofá, se não me quiser em sua cama.”


Insegura, disse estar certa de precisar de sua companhia, não desejava ficar sozinha naquela noite. No entanto não queria pressioná-lo e ficaria bem se ele preferisse se afastar. Sua resposta me confortou e ao mesmo tempo me deixou apreensiva: “Eu a quero dormindo ao meu lado por todas as noites que desejar!”


Sua afirmação demonstrava o quanto aquele rapaz, por quem me senti completamente atraída desde o início e com quem sonhei antes mesmo de conhecer, tinha sentimentos intensos por mim. Eu aspirava acreditar em cada frase sua, em cada gesto e em cada olhar. Contudo eu fui totalmente egoísta e me aproveitei da sua proteção e carinho sem lhe oferecer absolutamente nada, eu ainda não estava pronta para um novo relacionamento.


Deitamo-nos e Art me puxou para os seus braços, querendo saber se eu me sentia bem assim. Eu me agarrei a ele, porém minha coragem acabou e apenas fechei meus olhos apreciando o contato. Senti todo o meu corpo estremecer, o perfume de eucalipto e pinho, misturado com algo mais exótico que eu não conseguia reconhecer... Era o aroma mais delicioso o qual senti em toda minha vida, era surreal e profundo, como o próprio Arthur.

12 comentários:

  1. Um capítulo que começou apreensivo e terminou tão lindamente.

    Gosto muito do Zumbi e confesso que acredito até em partes da sua história... Também sei o quanto o afastamento da Anita possa ter contribuído para sua atitude embora NUNCA justifique...

    Não condeno a Fran. Já estive em seu lugar e falar não é nada fácil. Bem, sempre me ferrei nas situações quando optei por falar. =(

    Anyway, fato é que Art parece ser "seu número" e sempre torci por ele.


    Amo muito!

    ..: Bjks :..

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  2. Evandro vacilão! Humpf.
    Mesmo que Francisca tenha dito á Anita que estava sendo traída, não adiantaria absolutamente nada, pois ela realmente não acreditaria na loira e ainda por cima daria uns chiliques e tudo mais. Francamente eu faria o mesmo que ela, pois isso já aconteceu comigo – no caso, eu seria a amiga que sabia da traição – e não adiantou muita coisa, ainda por cima fui chamada de mentirosa .___.'.
    Mas o que importa é que agora a Anita é livre para ficar com nosso loirinho qq *-*

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  3. Esse Evandro!!! afe'
    Custava ele esperar a namorada colocar os pensamentos em ordem? Bem feito pra ele e sorte do Art!! weeee
    Até o apelido "lindo" a Ani ja sabe o significado, meu com um passado assim dificil acreditar q tenha mudado totalmente. (Aquela caro do Evandro... safado mais lindo)
    Own q lindo o Art se preocupando tanto com ela, e sempre achei os dois lindos juntos *-* Ain q maravilha acordar com um travesseiro daquele .baba.

    Linda atuh, começou mal, ms acabou perfeita.



    Bjooos Mitaaaa S2

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  4. Pah,
    Sabe, eu até acho que ele não está mentindo... E concordo: nada justifica o erro dele. Talvez se Ani não conhecesse o Art o namoro deles poderia durar mais um tempo. Contudo quanto tempo ela conseguiria conviver com alguém que não valoriza sua música?
    Eu já estive nos dois lados e acreditei na minha "amiga", só que nem tudo era verdade! Por isso preferi não me meter quando eu estive do outro lado... .-.

    Nandha!
    A própria Anita assumiu, não acreditaria mesmo! E talvez não devesse acreditar... Algumas vezes a pessoa não acredita por estar envolvida demais e não querer acreditar.
    É, agora ela está livre...

    Deh!!!!
    Parece que custava, né? Ele não conseguiu esperar uma semana... Como a Anita disse lá no início, não é só ela que é insegura. Aliás o ciúmes dele demonstra o quanto é inseguro, né?
    O passado é feio, mas acho que não devemos condená-lo por isso. Afinal todo mundo pode mudar, mesmo que isso seja difícil.
    Realmente, Anita só teve belos travesseiros até agora! rsrsrsrsrsrsrsrsrs

    Obrigada pela atenção, elogios e carinho! AMO!
    bjosmil! *.*

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  5. Owwn chegou a atuh que eu temia; O sofrimento da Anita me deixa tão triste...
    Porém agora ela está livre para o Art s2 s2 s2

    Amo muitooooo!

    Beijos ;*

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  6. Foi doloroso, axo que a ultima vez que me senti assim foi quando o Sasuke resolveu se unir ao Orochimaru.
    O q o Zumbi fez foi imperdoavel, mas gosto mito dele e isso dilacera meu coração. :(
    Tbm gosto muito do loirinho, fico feliz pq agora a Anita pode seguir sua intuição, mais que isso pode seguir o desejo de seu corpo.
    Vou procurar ler sempre que vc atualizar, assim fica mais fácil que, sem falar que não tenho a desculpa "Não vou ler agora pq é muito" acabo não lendo e não fazendo a atu pq tenho a desculpa "tenho que ler as histórias"

    Bjs Linda

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  7. Carol,
    Este capítulo começa trágico... Mas até que termina bem, né? Amo quando ama!

    Maikon,
    Realmente não penso que existe algo imperdoável. Depende do quanto você tem vontade de perdoar, mas com certeza uma relação se modifica quando não se pode confiar na pessoa. De qualquer forma Anita vai ter a chance de descobrir o significado por trás da atração e seus sonhos...
    Ah, eu sempre leio, mesmo que atrase alguma publicção! =$
    Não consigo ficar sem ler... =S

    Obrigada!
    bjosmil! *.*

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  8. Eu nem sei que dizer, primeiro fiquei decepcionada e a pensar como ele pode fazer aquilo???? mas depois fiquei de boca aberta e simplesmente mais atraída pelo Art...

    Afe o Evandro é tão lindo, mas foi mesmo horrivel... arg que raiva!
    Tenho de pedir desculpa à Fran, aliás eu pensei que ela estava flertando ele xD, afinal ela estava apenas tentando ajudar Anita! Que ingenuidade da minha parte...

    O Art é tão lindo, anjo, deus! Sua pele branca, seus olhos azuis, seus cabelos loiros! Se ele não fosse sim o que lhe fazia rrsrsrsrsrsr sotoudizendobesteira :D

    Bj

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  9. Eu sabia que o Evandro ia fazer aquilo! hauahauhahuaa
    Sei lá, eu sempre fico desconfiada quando a pessoa tem esse sentimento de posse pela outra, esse ciúmes exagerado, para mim sempre tem alguma coisa para esconder!
    Fiquei triste porque a Anita ficou desolada, mas depois fiquei extremamente feliz porque o Art é muitooooooooooooooooooo lindo!

    Adorei, filha linda de mamãe!
    bjosss

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  10. mmoedinhas,
    Realmente... Ele errou feio! A Francisca estava "pisando em ovos", mas não acho que seja ingenuidade sua. Vamos entender mais a Fran lá na frente!
    O Art parece que seduziu todo mundo logo de cara! rsrsrsrsrsrsrsrsrs
    Nem acho besteira! Obrigada!

    Mâinha!
    Eu nem podia negar... Sabe que também desconfio um pouco de gente ciumenta demais? Deve ser genético! O.o
    Menina, queria eu ter um Art para me consolar quando tivesse uma decepção! rsrsrsrsrsrsrsrsrs
    Adoro quando adora!

    bjosmil! *.*

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  11. Aff... A felicidade por ver a Eve foi tanta que tinha me esquecido completamente o que me deixou aflita na atuh anterior.

    Me envolvi demais com a hist, Mita...
    Tow me sentindo traída.
    Quero dar uns tapas no Evandro e não paro de chorar.
    Ah, Evandro... Pq vc fez isso?!
    Acreditei tanto nele. çç'
    Tenho mesmo o dedo podre. FATO!
    Também confiava nele, Ani...
    Ah, não, Evandro! Você ainda nem diz a verdade claro e óbvia num momento desse...
    Assim fica difícil passar a vontade de te dar uns tapas.
    Não tenho o que discordar da Ani agora. çç
    Melsenhor!
    Mesmo depois do que vi é difícil acreditar que o Evandro só fingia...
    Ele é tão horrível assim?
    Aff!!!!!
    Buuurro!!
    Que raiva!!
    É Ani... Aff... Pior que te entendo. Quando a gente não respeita a nossa intuição é fatal. çç'
    Não parecia conversa mole, Art... Não dava pra imaginar. Decpcionada.
    Não dá mais pra acreditar em palavra alguma do Evandro. Que dsperdicio. .-.
    Que absurdo! Ele era tão bom pra Ani, atencioso e tudo só pra dormir com ela? Não é possível!
    Não quero acreditar nisso.
    Mita, diz que é só um pesadelo da Ani... Que nada disso aconteceu msmo, porfa. çç'

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  12. Suh... Lembre-se que a narrativa da Ani acontece quase em tempo real. Quando tudo estava bem com ele, ela o glorificava apesar da distância que ele mantinha de sua música, que relevava em favor da paixão. Agora que se decepcionou vai acreditar em qualquer um, menos nele. Mas talvez ele não seja tão pérfido quanto ela o está vendo neste instante.

    Bjosmil! *.*

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